Não ligo para minha reputação, mas deveria

Desde criança, sempre achei bizarro ouvir com frequência "você é muito séria. Deveria ser mais alegre", "mas se continuar com essa cara você nunca terá um namorado", "tem horas que você é sincera demais"... São frases que costumava ouvir da minha pessoa sendo que muita coisa já fazia parte da minha personalidade e eu não usaria isso como uma desculpa de não evoluir e melhorar pontos que preciso, mas ainda assim, me sentia frustrada! Desde nova eu era quase que obrigada a engolir a seco qualquer apontamento e julgamento afim de "manter a moral e os bons costumes em prol de um bem maior". Ninguém me ensinou a lidar com a frustração e quando comecei a compreender como lidar, parece que ao mesmo tempo que entendia o ponto, outras vezes me sinto idiota de dar a mão pra gente que gosta de me fazer de otária.

Um exemplo: recentemente, no trabalho, acabei levantando minha voz. Sim, errei feio e errei rude, admito. Meu chefe teve que vir conversar comigo e concordo com ele que realmente não é de bom tom e que não só eu, mas muitos de nós, precisamos engolir alguns sapos afim de um convívio maior e pra fazer uma boa entrega. Aí me veio novamente aquele lance fazer malabarismo, sendo que sempre enfatizei "me avisem, é importante isso". Desde sempre nunca liguei de fato pra "minha cara de brava", pela minha sinceridade (que sempre foi diferente de falta de educação e caráter), por ser direta quando não tinha uma relação mais íntima com a pessoa ou que eu precise contra argumentar por algo que claramente não está errado e não tenho menor problema em repetir mil vezes a mesma coisa pra fazer todo mundo compreender que comunicação é importante pro bom funcionamento do trabalho. Mas sinto que não é todo mundo que está disposto a compreender da mesma forma que tento compreender o outro lado.

Infelizmente, isso é ser humano e isso é ser adulto. Ambos eu, honestamente, acho uma merda. Ter que me preocupar com "vamos ceder porque o outro lado não tá disposto a porra nenhuma porque isso diz mais respeito a você do que o outro". Pois é. Lá vou eu, engolir o sapo, porque um/a arrombado/a não tem um mínimo de bom senso e eu tenho que me preocupar com minha reputação porque ou eu que vou ser mandada embora ou eu que me foda.

Eu, real, não ligo em mandar a pessoa se fuder pela falta de bom senso dela mesma, pois tenho pra mim que quem é feliz não enche a porra do saco e se a pessoa tem uma comunicação clara, não tenho o menor problema em sentar e conversar pra resolvermos o problema. Mas né, tuuuuuuuuudo em prol de um bom convívio, vou fingir que sou um amorzinho de gente. Tudo em prol de uma faceta, tudo em prol de "conviva com isso, você é adulta". Meu pensamento com relação a isso é o famoso "não existem adultos, todos são crianças grandes com problemas e boletos pra pagar".

É isso. E se você não concorda e quer vir me dar outra lição de moral: sinta-se à vontade. A diferença é que vou ler e taaaaaaaaaaaalvez eu pense se vale de fato a pena refletir sobre, se mando você se fuder no pensamento (porque né, reputação etc etc etc etc etc etc etc) ou se fico "hm, acho que você tem um ponto, vou refletir sobre".