Uma hora, tudo satura

Quarentena dia... Sei lá que dia estamos.

Não sei se são os efeitos da minha velhice ou se são meus dias sem paciência de ficar em isolamento forçado. Provavelmente ambos.

Já tive muitos problemas em lidar com "fim de ciclos", principalmente no começo da vida adulta. Nem tudo é para durar pra sempre, nem tudo "veio pra ficar", tem coisas que vão, tem coisas que ficam, tem coisas que vão e voltam de alguma forma. Desisti de entender e lutar contra, só deixo a vida me levar mesmo.

Não tenho tido a mesma paciência com redes sociais desde o começo dos anos 2010 e anos depois vejo que não tenho muito onde fugir, mas percebo que tenho a escolha de simplesmente drenar. Mas acho surreal como as coisas que pensava que gostava ou que eram novidade que iriam perdurar, saturam muito rápido. Lembranças do meu primeiro smartphone, onde a primeira coisa que queria fazer era baixar o Instagram porque todos meus amigos (e ex-amigos) tinham, hoje só me trás raiva, tédio e um milhão de coisas das quais eu... Não ligo. O unfollow que antes me afetava, hoje no máximo só fico "que pena" ou "já foi tarde, nem interagia mesmo". E tem sido assim.
O velho clichê de "não precisa de muito pra ser feliz" até que faz um certo sentido pra esse momento. A questão não é nem que "não preciso disso", mas que chega uma hora que simplesmente as coisas não fazem mais sentido e precisam ir pra que outras venham ou voltem com outra visão (se é que voltam).

Hoje em dia não consigo ouvir as mesmas playlists, nem mesmo ouvir repetidas vezes a mesma música. Preciso dar uma pausa. Não consigo entrar em hype com animações e filmes, porque quero ver em outro momento pois não tenho o mesmo pique de quando não tinha outras prioridades senão estudar.

O celular continua sendo meu companheiro, que durmo e acordo com ele todos os dias... Porém, todos os dias, meu toque de celular tem me irritado porque é spam, telemarketing, enfim, que tive que silenciar de algum modo. A música e os toques já não me fazem mais feliz e sim com a sensação de "ai de novo, mais uma msg, mais uma ligação de número desconhecido".

Não vou mentir que teve uma hora que meu blog também já não era totalmente um porto seguro, porque não fazia mais a menor ideia do que escrever, mesmo com os rascunhos que não tinham momento algum, as 30 cartas que não escrevi metade dos temas, da monotonia de escrever algo da minha vida em particular... Talvez ter entrado todo dia no Blogger todos os dias foi uma péssima ideia.

Fiz uma limpa no histórico, no meu PC, organizei meu quarto e joguei coisas fora pela milésima vez, a comida da minha casa parece ter sempre o mesmo gosto. Não aguento mais sopa de missô, as mesmas reclamações do meu pai, as falas da pessoas da casa, dos vizinhos, dos latidos e miados, da moto que passa todo dia estourando o motor, não sinto mais vontade de comprar coisas...

Enfim.
Não sei porque escrevi isso.
Talvez eu só precisasse postar algo blasé.
Talvez só precisasse escrever um monte de coisas aleatórias.
Algo que tirasse esse tédio disso de mim.